Criptomoedas representam oportunidades atraentes para excedentes da indústria petrolífera
O mundo das criptomoedas está cada vez mais focado no clima, principalmente depois das críticas de Elon Musk ao consumo de energia do Bitcoin. Há pouco tempo, a Tesla desistiu da venda de seus veículos por criptomoeda, iluminando ainda mais a discussão sobre o impacto ambiental que a mineração de moedas digitais pode gerar.
As redes de criptoassets funcionam à base de eletricidade e em grande quantidade. Os mineradores de Bitcoins executam computadores que demandam grande consumo de energia para resolver quebra-cabeças complexos, processando novas transações e adicionando à blockchain. Em troca, os mineradores são recompensados com Bitcoins, tanto por taxas de transação, quanto pela cunhagem de novos Bitcoins. O processo de mineração converte efetivamente energia em criptomoeda.
Soluções criativas a partir da mineração do Bitcoin
Por outro lado, um dos grandes desafios da indústria de extração de petróleo é encontrar uma maneira lucrativa de lidar com os gases associados liberados durante o processo. A solução pode estar na mineração de Bitcoin.
E se fosse possível converter o gás natural não utilizado pela indústria de petróleo, no local, em eletricidade que extrai estes ativos digitais? Essa parece ser a grande charada para resolver dois problemas de uma vez só.
Muitas vezes, não é financeiramente viável ou prático para as empresas de petróleo vender esse gás, por isso ele é liberado na atmosfera, causando poluição.As operações de mineração de Bitcoin podem tornar lucrativo o processamento de gás natural, fornecendo uma forma de incentivar as empresas a processá-lo no local e ajudando a reduzir significativamente as emissões na atmosfera.
O processamento dos gases associados envolve altos custos
Considerando que cerca de 150 a 170 bilhões de metros cúbicos de gases naturais são queimados ou liberados a cada ano no planeta, o que equivale a cerca de US$ 30,6 bilhões em GNL, a mineração de Bitcoin vem trazer boas alternativas para um dos grandes problemas de poluição do setor de petróleo, considerando que a infraestrutura necessária para processar gás natural é imensa, de alto custo e manutenção para as petrolíferas.
Um caso de sucesso é mostrado pela companhia petrolífera estatal norueguesa Equinor, que anunciou uma parceria com a americana Crusoe Energy Solutions. Ela é uma das maiores mineradoras dos Estados Unidos, especialista em capturar a energia do gás de combustão em manchas de óleo para reutilizar na mineração do Bitcoin.A adoção deste sistema reduz em até 63% as emissões de CO2 equivalentes à queima de gás. É o mesmo efeito que milhares e milhares de carros a menos nas ruas.
Como isso funciona? Quando as empresas de petróleo fazem suas perfurações, muitas vezes, também encontram gás natural. Só que a maioria dos perfuradores não tem infraestrutura para vender o gás e, portanto, a solução é queimá-lo, criando as chamas distintas acima dos locais de petróleo. É aqui que entra a grande sacada de solução ambiental.
Convertendo energia em criptografia
Empresas como a Crusoe e a EZ Blockchain instalam um sistema de tubulação para desviar o gás natural liberado para os geradores. Eles produzem eletricidade, que é usada para alimentar computadores diretamente no local do petróleo. No fim do dia, aquela indústria de exploração de petróleo, que antes queimava o gás para o nada, agora tem um fluxo de receita incremental.
Mudando o foco de visão para o mercado brasileiro, que enfrenta as reveses dos ciclos de chuva para o abastecimento de suas hidrelétricas – principal componente da matriz energética brasileira – e que tem importantes reservas de energia fóssil como o petróleo, encontrar soluções assim, mais sustentáveis econômica e ambientalmente, pode representar uma nova era de otimismo para os investidores em criptomoedas. É o que o mercado espera ver.
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