A campanha do mês é dedicada à prevenção de doenças oculares acometida nos cães e a importância do acompanhamento.
Muitos animais cegos, principalmente idosos, são abandonados após desenvolverem algum problema na visão. Junho Violeta é uma campanha de conscientização sobre as doenças oculares que podem acometer os cães. Assim como os humanos, eles também podem desenvolver catarata, conjuntivite e glaucoma, por exemplo.
Contudo, muitos tutores deixam de fazer exames preventivos ou não levam o cão ao veterinário mesmo percebendo alguma alteração no comportamento do pet.
É importante investigar se notar que o cão está batendo a cabeça na parede ou em objetos da casa; está desorientado em um ambiente que antes dominava; ou fica com o olhar vago na maior parte do tempo.
Deixar o problema para depois pode piorar a condição do animal e acentuar a situação.
Entrevista com a especialista
Conversamos com a Angélica Massumi, veterinária especializada em oftalmologia, para tirar as dúvidas.
Totós da Teté – Quais são as principais doenças oculares que acometem os cães?
Veterinária – Na minha rotina, o principal problema que recebo é a úlcera de córnea. É um problema ocular que não tem idade, mas têm várias causas.
O olho seco, provocado pela baixa produção da glândula lacrimal, é muito comum também, principalmente nas raças braquicefálicas. Pode acarretar tanto animais filhotes quanto cães idosos e de meia idade.
O que pode acontecer se o tutor for negligente e não seguir o tratamento correto?
Quando o tutor não cuida, é negligente, não coloca o colar elisabetano para proteger os olhos do animal durante o período de tratamento, pode acarretar consequências gravíssimas e irreversíveis, como a perda e retirada dos olhos do animal.
Logicamente que, mesmo com os cuidados, a doença pode evoluir e ter como consequência a retirada dos olhos.
Mas se tem rapidez do diagnóstico, o tutor não deixa para levar o animal quando o problema está avançado e segue toda a recomendação… O comprometimento com o tratamento pode fazer uma grande diferença no resultado.
Muitas pessoas abandonam cães cegos e idosos. Quais são os riscos que esses pets sofrem?
É impossível imaginar um animal cego abandonado na rua. Ele acaba sendo atropelado e morrendo, não tem jeito. Graças a Deus existem os anjos chamados protetores de animais que acolhem esses bichos.
Já tive casos de animais com cataratas nos dois olhos e estavam soltos nas ruas completamente perdidos. Pessoas de bom coração resgataram e custearam as cirurgias para a visão deles voltarem.
Mas há doenças oculares que são irreversíveis. Nesse caso, esses animais devem ficar em dentro de lugares seguros, senão o fim deles é o atropelamento.
Como evitar que o pet desenvolva problemas oculares?
Há certas doenças que não tem como impedir o surgimento, mas algumas atitudes do tutor podem ajudar a tratar com antecedência ou impedir o desenvolvimento de algo pior.
Levá-lo ao veterinário para consultas preventivas é a principal medida. Através dos exames, o profissional consegue detectar qualquer alteração na saúde ocular do animal.
Adaptar a casa também é muito importante. Retirar objetos pontiagudos da frente do animal pode evitar lesões.
Deixar o ambiente livre de mofos, bactérias e sujeiras, pode evitar inflamações e alergias no pet.
Limpar com frequência a região ocular é essencial. Frequentemente os cães ficam com lágrimas e secreções (remelas) na região dos olhos. Algumas raças tendem a acumular mais secreções do que outras.
Não ao abandono!
Um cão cego abandonado corre mais riscos do que um cão em condição normal abandonado na rua.
Além disso, o sofrimento é muito maior por não saber onde está e depender totalmente do seu olfato e audição para buscar comida e sobreviver.
Além disso, os cães cegos têm menos chances na hora da adoção, o que pode deixá-los por muitos anos dentro de um abrigo ou até mesmo a vida inteira.
Qualquer cão tem a probabilidade de ficar cego, independentemente da idade ou raça. Ao adotar ou comprar, é importante lembrar de todas as responsabilidades e obrigações com o animal, seja filhote, idoso, saudável ou não.
Foto capa: Ирина Мещерякова / iStock