Delfim Netto: O homem que moldou o debate econômico brasileiro

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De origens humildes no Cambuci à cátedra da economia, Delfim Netto desafiou convenções e permaneceu um farol de críticas e sabedoria até os últimos anos de vida

Delfim Netto, conhecido carinhosamente como “O Gordo”, foi uma figura ímpar no cenário econômico brasileiro. Mesmo aos 90 e poucos anos de idade, não se afastou do debate público, mantendo sua capacidade analítica e crítica aguçadas. Acompanhava as mudanças econômicas com a mesma intensidade que o fez nos anos áureos de sua carreira, e apesar das limitações físicas, continuava a produzir artigos acadêmicos na mesma máquina de escrever Olympia que o acompanhava há mais de cinco décadas.

O ex-ministro nunca se esquivou de debates acirrados, mas sempre os conduziu com civilidade, uma marca de sua personalidade que muitos admiravam. Segundo o economista Marcos Lisboa, Delfim era mestre em tecer críticas sutis, quase dissimuladas, em suas narrativas cheias de humor e astúcia. Suas observações, ainda que por vezes ácidas, eram sempre revestidas de um charme que conquistava seus interlocutores, exigindo uma escuta atenta para captar a profundidade de suas análises.

De origens humildes, Delfim Netto nasceu e foi criado no bairro do Cambuci, em São Paulo, onde desenvolveu a resiliência que o levaria longe na vida. Neto de imigrantes italianos, teve na figura de seu avô, Antônio, uma grande inspiração. O avô, que veio para o Brasil nos anos 1880 para trabalhar na lavoura de café, acabou se tornando um pequeno empresário na capital, uma história que Delfim adorava contar como exemplo de superação e empreendedorismo.

Mesmo sem vir da elite, Delfim conquistou um espaço único na história econômica do Brasil, sempre se atualizando e permanecendo relevante. A combinação de seu vasto conhecimento, humor peculiar e capacidade crítica fez dele uma das vozes mais respeitadas e ouvidas no país. Até seus últimos dias, Delfim Netto foi uma prova viva de que a idade não diminui o valor da experiência e do conhecimento, mas, ao contrário, os enriquece.

Crédito: PUC/SP

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