A Polícia Civil, por meio da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, no último domingo (08/09), resgatou um homem que havia sido sequestrado no dia 27 de agosto, na região do Vale Aurora, em Bento Gonçalves. O homem foi encontrado em uma clínica de recuperação de dependentes químicos, em Osório. Ele havia sido conduzido à clínica de forma involuntária, por pessoas contratadas pela sua enteada.
Entenda o caso:
Em 27 de agosto de 2024, chegou ao conhecimento da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves a notícia de um suposto sequestro ocorrido na Região do Vale Aurora, em Bento Gonçalves. As informações surgiram após uma das vítimas ter sido localizada por vizinhos, no meio do mato, nas proximidades de sua residência, ocasião em que relatou que estava fugindo da própria residência, pois teria sido mantida em cárcere privado durante todo o dia.
As primeiras diligências investigativas já evidenciaram que se tratava de um sequestro e cárcere privado envolvendo duas vítimas: uma delas seria uma mulher de 56 anos, que foi localizada no mesmo dia no meio do matagal. A outra vítima seria um homem de 67 anos, esposo da mulher, que estava desaparecido. Já nos primeiros dias de apuração, identificaram-se evidências concretas de autoria, cuja principal suspeita era a própria filha da mulher e enteada do homem.
Naquele estágio da investigação, apurou-se que a suspeita residia com o casal e na madrugada do dia 27 de agosto recebeu na residência três homens que, sob sua coordenação, sequestraram o homem, retirando-o de dentro do próprio quarto e arrastando-o para fora da residência. Enquanto isso, a suspeita continha a própria mãe para não intervir na cena. Após a retirada do homem de dentro da residência, a suspeita permaneceu na casa mantendo a própria mãe em cárcere privado dentro de um dos cômodos durante todo o dia. Ao final daquele dia (27/08), a vítima conseguiu fugir do cárcere através do forro da casa, sendo localizada no matagal próximo à residência e socorrida ao hospital.
Após as evidências iniciais de autoria, foi solicitada ao Poder Judiciário a prisão temporária da suspeita, uma mulher de 38 anos, que foi deferida pela Justiça, de modo que sua prisão foi efetivada pela equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves no dia 31 de agosto (sábado). No curso da apuração, inclusive após a prisão, não houve qualquer tipo de colaboração da investigada acerca do paradeiro do padrasto.
A equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves continuou com o trabalho investigativo de forma diuturna. Após 12 dias ininterruptos de trabalho, no último sábado (07/09), conseguiram evidências concretas de que a vítima teria sido levada, forçadamente, para Osório e que estava internado em uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Tal fato chamou atenção da equipe policial, visto que após todos esses dias de trabalho investigativo não se tinha notícia de que a vítima seria dependente químico. O que havia de informações é que ele trabalhava durante o dia todo e à noite, social e esporadicamente, tomava algum tipo de bebida antes do jantar.
Ao aprofundar as investigações, ainda na noite de sábado (07/09), apurou-se que a suspeita, enteada do homem, planejou uma internação forçada dele e, para tanto, contratou pessoas denominadas “captadores”, cuja atividade é voltada para realizar a condução de pessoas indicadas por algum familiar até alguma clínica que aceite tal paciente. Neste caso concreto, a suspeita, desde o dia 25 de agosto, dois dias antes do fato, manteve tratativas com esse grupo e contratou-os para conduzir seu padrasto de forma involuntária. Os “captadores” contratados foram até Bento Gonçalves na madrugada do dia 27/08, ingressaram na residência, em conluio com a suspeita, entraram no quarto do padrasto, imobilizaram-no, amarraram suas mãos e arrastaram-no até dentro de um veículo que estava do lado de fora. Por fim, conduziram-no amarrado até uma clínica de recuperação de dependentes químicos situada na cidade de Osório.
Diante dos indicativos contundentes de sequestro e do possível destino da vítima, a equipe de policiais civis da 1ª DP de Bento Gonçalves deslocou-se, na manhã de domingo (08/09), até a cidade de Osório, onde localizou e resgatou o indivíduo de dentro de uma clínica de recuperação de dependentes químicos.
As investigações apuraram que o homem teve que assinar documentos para ingresso no estabelecimento e um destes seria um termo de internação voluntária. Porém, diante do contexto investigado, constatou-se que, apesar da assinatura, tratava-se de uma internação que não atendia aos preceitos legais, visto que não havia voluntariedade do paciente, nem encaminhamento médico e nem ordem judicial para internação, razão pela qual a vítima foi resgatada pelos policiais civis e trazida para Bento Gonçalves e entregue à família.
A suspeita permanece presa pelos crimes de sequestro e cárcere privado contra a própria mãe e o padrasto. A investigação prossegue no intuito de identificar os demais suspeitos, bem como as condutas dos responsáveis pela clínica.
Fonte: https://www.pc.rs.gov.br/
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