Comemorado em 1º de novembro, o Dia Mundial do Veganismo chama atenção para um estilo de vida que vai além da alimentação e envolve também escolhas éticas e ambientais. Cada vez mais pessoas têm buscado reduzir ou eliminar o consumo de produtos de origem animal, seja por razões de saúde, sustentabilidade ou respeito aos animais.
A adesão ao veganismo vem crescendo no Brasil. Segundo levantamento do Instituto Datafolha, encomendado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), 7% da população brasileira se declara totalmente ou em parte vegana. O estudo, realizado em dezembro de 2024, reforça que o tema tem ganhado espaço nas discussões sobre saúde e meio ambiente.
De acordo com a professora Júlia Valmórbida, docente do curso de Nutrição da Estácio, o veganismo pode resultar em uma alimentação muito saudável, desde que bem planejado. “Como qualquer padrão alimentar, uma dieta vegana precisa garantir a oferta adequada de todos os nutrientes. Alguns deles, como ferro, cálcio e especialmente vitamina B12, exigem atenção especial”, explica. Ela ressalta que o acompanhamento de um nutricionista é fundamental para orientar o planejamento alimentar e, se necessário, indicar suplementação.
Entre os principais mitos que cercam o assunto está a crença de que alimentos vegetais não oferecem proteínas de boa qualidade. No entanto, leguminosas como feijão, lentilha e grão-de-bico, além de cereais integrais, sementes e oleaginosas, podem suprir bem as necessidades proteicas quando consumidos de forma variada. O mesmo vale para minerais como ferro e cálcio, presentes em vegetais verde-escuros, sementes e alimentos fortificados.
Quando equilibrada, a alimentação vegana tende a ser rica em fibras, vitaminas, minerais e compostos antioxidantes, e naturalmente mais baixa em gordura saturada e colesterol. Esse perfil nutricional pode contribuir para a melhora da saúde cardiovascular e o controle do peso, além de auxiliar na prevenção de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer.
Por outro lado, a transição para o veganismo pode apresentar desafios, especialmente no início. A professora aponta que questões sociais e práticas podem dificultar a adaptação, como a falta de apoio de familiares, a escassez de opções fora de casa e a necessidade de aprender novas formas de preparo. “A transição raramente é instantânea, muitas vezes ocorre de forma gradual e requer planejamento, apoio e orientação profissional”, afirma.
Para quem deseja apenas reduzir o consumo de carne e laticínios, pequenas mudanças já fazem a diferença. Substituir parte das proteínas animais por leguminosas, aumentar o consumo de frutas, verduras e grãos integrais e adotar um ou mais “dias sem carne” por semana são estratégias eficazes e sustentáveis.
O veganismo também tem estimulado uma mudança mais ampla nos hábitos de consumo. Por envolver preocupações éticas e ambientais, o movimento incentiva escolhas conscientes não apenas na alimentação, mas também em produtos de beleza, vestuário e no dia a dia. A tendência, segundo a docente, é que essa consciência continue crescendo e impulsione transformações positivas na relação entre alimentação, saúde e meio ambiente.
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