Prevenção do HIV: Profilaxia Pré Exposição – PrEP

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Médico infectologista especialista em HIV, Dr. Eduardo Lagonegro discorre sobre a PrEP, como prevenção à doença

Vivemos um tempo de grandes transformações em várias áreas de nossas vidas. Na infectologia temos o costume de prevenir doenças por intermédio de vacinas, existido exceções relacionadas à prevenção de doenças infecciosas com uso de medicamentos. Há décadas a ciência busca uma vacina contra o HIV, mas, devido à complexidade do vírus, essa conquista continua sendo um desafio e ainda está fora do nosso alcance
Atualmente, uma estratégia altamente eficaz para prevenir o HIV é a profilaxia pré-exposição, conhecida como PrEP. Os primeiros estudos que deram origem à PrEP surgiram a partir de evidências acumuladas sobre o uso do dos antirretrovirais (coquetel anti-HIV) na prevenção da transmissão do HIV, especialmente em outras situações além do tratamento. Aqui estão os passos iniciais que deram origem a esta estratégia

Primeiros Evidências

Nos anos 90 utilizávamos o coquetel de forma preventiva após exposições ocupacionais, como acidentes com agulhas, e não ocupacionais como violência sexual. Os resultados foram muito positivos em prevenir o contágio com HIV, e abriram caminho para os testes iniciais para verificar os efeitos antes da exposição ao vírus

Estudos Específicos

Foram realizados estudos clínicos e em 2010 o estudo iPrEx foi um marco na história da PrEP. Ele foi o primeiro grande estudo com homens que fazem sexo com homens e mulheres transgênero (população grandemente afetada por HIV). Foi testado o Truvada(R) (tenofovir+ emtricitabina) como estratégia de prevenção e os resultados foram da redução de 44% no risco de infecção por HIV. Em seguida houve o estudo Partners em 2011 que avaliou uma população heterossexual em Botsuana, mostrando uma redução de 62% no risco de transmissão do HIV. Em 2015 tivemos o IPERGAY na França e Canadá, em 2016 o PROUD no Reino Unido, ambos mostrando uma eficácia em prevenir HIV em aproximadamente 86%

PrEP Injetável

Um medicamento injetável de longa duração para a estratégia de PrEP foi avaliado em dois grandes estudos com populações distintas: o HPTN 083, realizado em homens cisgênero e mulheres trans, e o HPTN 084, conduzido em mulheres cisgênero. Nessas pesquisas, utilizou-se o cabotegravir de longa ação, administrado por via intramuscular a cada dois meses. Os resultados demonstraram que o cabotegravir injetável apresentou eficácia superior à PrEP oral diária, especialmente no que se refere à adesão, já que a aplicação bimestral se mostrou mais prática e aceitável. Apesar desse avanço, o medicamento ainda tem custo elevado e, até o momento, não está disponível no SUS. Mais recentemente, foi lançado o lenacapavir, um novo medicamento injetável para uso em PrEP que se destaca por oferecer uma proteção extremamente elevada contra o HIV com a aplicação de apenas uma injeção subcutânea a cada seis meses. Essa praticidade representa um grande avanço em termos de adesão e comodidade para as pessoas em prevenção. No entanto, seu acesso ainda é bastante limitado, já que os valores de mercado são muito altos, o que restringe a disponibilidade do tratamento em larga escala
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Conforto Psicológico

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Além da proteção contra o HIV, a PrEP também pode proporcionar um importante conforto psicológico. É comum que, após relações sexuais prazerosas, especialmente entre homens gays ou bissexuais, surjam sentimentos ambivalentes. Muitas vezes, o HIV aparece nesse contexto como uma ameaça, associado à ideia de punição e culpa, deixando a experiência marcada por sentimentos negativos. O uso da PrEP, nesse contexto, pode ajudar a reduzir esses medos e ansiedades, permitindo que o momento seja vivido de forma mais tranquila e prazerosa.

Escolhas que Transformam

A PrEP é uma ferramenta poderosa e transformadora na prevenção do HIV, que pode ser usada junto com outras estratégias de proteção. Representa um grande avanço, sendo eficaz, segura, acrescentando mais uma forma de prevenção as outras já conhecidas, e permite que cada pessoa escolha a forma de prevenção que melhor se adapta à sua vida. Mais do que uma medida biomédica, ela amplia as possibilidades de cuidado em saúde, oferecendo autonomia, segurança e qualidade de vida para pessoas em diferentes contextos de vulnerabilidade. Vale lembrar que esta estratégia requer acompanhamento médico para verificar possíveis toxicidades dos medicamentos utilizados e fazer testes para outras ISTs, e em caso de detectar alguma delas realizar o tratamento o mais precoce possível. O desafio agora é ampliar o acesso, para que cada vez mais pessoas possam se beneficiar dessa tecnologia de prevenção.
Eduardo Ronner Lagonegro
Médico Infectologista

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Por Saftec Digital

Créditos: https://eduardolagonegro.com.br/

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