Senador minimiza conteúdo, mas gravação expõe planos para interferir em investigação de rachadinhas
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu minimizando o conteúdo de um áudio vazado de uma reunião entre seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. Na gravação de 1 hora e 8 minutos, realizada em agosto de 2020 e revelada recentemente após retirada de sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), discutiu-se estratégias para blindar Flávio de uma investigação sobre suposto esquema de rachadinhas.
A expressão “a montanha pariu um rato”, utilizada por Flávio Bolsonaro ao comentar o áudio, contrasta com a gravidade das revelações. No encontro, Bolsonaro sugere medidas para influenciar o curso das investigações, mencionando o contato com autoridades como o secretário da Receita Federal e o ex-chefe do Serpro. A intenção era abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais responsáveis pela investigação contra Flávio, o que resultou no arquivamento do processo em 2022.
O áudio, encontrado no celular de Ramagem, agora integra inquéritos no STF sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Nele, discutem-se maneiras de neutralizar as investigações que envolvem o parlamentar, incluindo o uso de recursos administrativos para contestar a atuação dos fiscais. A revelação do conteúdo gerou repercussão política e jurídica, colocando em evidência possíveis tentativas de interferência indevida no aparato investigativo do Estado.
A divulgação do áudio intensifica o debate sobre ética na política e a independência das instituições de controle e fiscalização. Comentários de políticos e analistas reforçam a importância da transparência e da preservação da integridade das investigações, enquanto o desdobramento das informações continua a ser monitorado dentro e fora do ambiente judicial brasileiro.
Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado